Presidente da República diz
que Assembleia Nacional tem
grupo com tendência em
manipular o órgão

Vitrina, 16.07.2025 - O Presidente
da República deu hoje a entender que o relacionamento com a
Assembleia Nacional não está de boa saúde, contrariamente ao que
disse a presidente Celmira Sacramento que garantiu que o “
relacionamento institucional é perfeito”.Esta terça feira Carlos
Vila Nova acusou o órgão de ter “pequenos grupos” de deputados que
tentam manipular a instituição.
As declarações foram feitas à
margem da inauguração na nova Escola Secundária de São Marçal,
quando confrontado por jornalistas que pretendiam saber a sua versão
sobre o que levou ao cancelamento da homenagem a cidadãos que
contribuíram para o 12 de julho.
“Nós não podemos pegar num órgão
colegial com 55 deputados e por interesses de pequenos grupos da
assembleia não”, esclareceu.
No dia 08 de julho a Assembleia
Nacional decidiu cancelar uma sessão solene para homenagear vários
cidadãos que deram contribuição para a independência nacional. O ato
estava marcado para ser realizado no parlamento, no dia 11 de julho.
Um comunicado lacónico da
Assembleia Nacional anunciou, praticamente em cima do dia, o
cancelamento do ato, justificando a decisão com a
“indisponibilidade” do presidente da republica e do
primeiro-ministro em estarem presentes.
No dia 12 de julho, depois do ato
central que decorreu na Praça da Independência a Presidente da
Assembleia justificou que essas duas ausências “deixou sem efeito” o
“sentido de solenidade que pretendíamos dar ao ato”.“Tínhamos tudo
preparado, mas a solenidade do ato era precisamente para ter
presença de individualidades, entre elas o presidente da republica,
o primeiro-ministro e muitos outros convidados, incluindo o corpo
diplomático. Não havendo estas presenças, esvaziou todo o sentido da
solenidade que queríamos dar ao ato, portanto ficou sem efeito”,
explicou Celmira Sacramento.
A líder do parlamento acrescentou
ainda que foi o ministro da defesa, na sua qualidade de presidente
da comissão nacional dos festejos que foi a Assembleia Nacional
informar que o presidente da república manifestou indisponibilidade
em participar no evento. “Por isso a conferência de líderes decidiu
cancelar a sessão solene”, disse. Celmira Sacramento negou que por
detrás desse cancelamento esteja um mau relacionamento institucional
entre estes três órgãos de soberania.
“O relacionamento institucional é
perfeito”, garantiu a presidente do parlamento. Entretanto, o
presidente da república, Carlos Vila Nova deu, esta terça-feira,
indicações de estar a ocorrer mesmo um mau relacionamento entre
estes órgãos de soberania.
“Houve pelo meio situações que era
preciso tomar alguma decisão”, disse Carlos Vila Nova, acusando “um
grupo” de deputados com tendência de manipular a instituição. “Nós
não podemos pegar num órgão colegial com 55 deputados e por
interesses de pequenos grupos da assembleia não.
A Assembleia Nacional é um grupo
representativo e se decidiu não fazer a sessão solene tem que
assumir”, referiu o presidente da república que recusa o
cancelamento da sessão solene devido a decisão do chefe de estado e
do primeiro-ministro.“Isso não tem nada a ver com outros órgãos.
A assembleia faz as sessões que
quiser e quando cancela, cancela se quiser. Não depende de ninguém.
Agora vir com o pretexto de que foi dado a orientação para cancelar,
isso não corresponde a verdade. A comissão de honra não decidiu
anular seja o que for, apenas decidiu que o ato central aconteceria
na Praça da Independência”, frisou Carlos Vila Nova.
“O ato central de 12 de aconteceu
na praça da independência a 12 de julho e no dia 08 de julho, a
comissão de honra, que é o mais alto órgão sobre a preparação dos
festejos dos 50 anos – órgão que valida as decisões e os programas –
decidiu que o ato central seria feito na Praça da Independência”,
explicou o governante, garantindo que “não pode haver dois atos
centrais.
Ou ele é feito todo na Assembleia
Nacional ou ele é feito na Praça da Independência”.Carlos Vila Nova
sublinhou ainda que a Assembleia Nacional não estava impedida de
organizar uma sessão de homenagem “as pessoas que entendesse e
sobretudo o primeiro presidente da assembleia constituinte. Não
precisava do presidente da república para fazer essa sessão. A
assembleia faz as sessões que quiser e quando quiser”, acrescentou
Vila Nova, garantindo que “não pode haver dois atos solenes no dia
12 de julho”.
O chefe de Estado acusa ainda que
haja nas instituições pessoas disponíveis para “intrigas”.“É claro
que mostra sempre aquela parte que nós estamos sempre preparados
para intrigas, sempre preparados para arremessar quando, a longo
desse tempo, o apelo que tenho feito é a aproximação, é a paz, é a
unidade”. O presidente da República sublinha que o parlamento ainda
pode realizar a cerimónia de homenagem até 31 de dezembro deste ano.
“Um ato solene com a programação
feita pela Assembleia assemelhava-se a dois atos solenes para 12 de
julho e a decisão foi que ela seria feita na Praça da Independência,
o que não impede a assembleia de fazer uma sessão parlamentar para
homenagear quem entendesse e com outro formato.
Não pode ser com o formato de uma sessão solene ou ato central dos
festejos”, concluiu.
M. Barro
