Miques João em prisão
preventiva
inicia greve de fome

Vitrina, 12 Maio, São Tomé: O advogado Miques João
Bonfim iniciou, sexta-feira 09 de Maio, um período de prisão
preventiva, cuja duração ainda não se conhece, numa medida de coação
mais gravosa aplicada pela juíza de instrução criminal do tribunal
de Primeira Instância que tem nas mão um processo de alegado abuso
sexual de menor de que o advogado é acusado.
Fontes judiciais explicaram ao Vitrina que a lei
estabelece 90 dias como período de prisão preventiva, mas pode
prolongar-se por mais dois meses, como também pode ser antecipado,
dependendo da celeridade processual.
No entanto, o advogado que jura inocência, inicia o
cumprimento da prisão preventiva com o anúncio de uma greve de fome,
como protesto para demonstrar que é inocente e o processo contra a
sua pessoa está inquinado, é político e resulta do seu empenho na
necessidade de esclarecimento e responsabilização de pessoas
envolvidas na alegada tentativa de golpe de Estado de 25 de Novembro
de 2022, em que foram torturados e mortos quatro cidadãos na parada
do quartel da Forças Armadas.
“O que eu quero anunciar a todos é que o Dr. Miques
Bonfim encarregou-me em anunciar publicamente que a partir do
momento em que ele sai daqui (tribunal) e entrar na cadeia, está em
greve de fome”, anunciou Carlos Semedo que juntamente com outro
advogado fazem a defesa de Miques Bonfim. O advogado cita as
palavras textuais do seu constituinte: “a minha filha vai
sobreviver, eu posso não sair vivo da cadeia, mas se sair, eu tenho
que sair limpo da cadeia”.
Segundo ainda o advogado, a juíza de instrução
criminal mandou o arguido para cadeia, depois de “um mini
julgamento” em que todos os argumentos foram exibidos para provar a
sua inocência do crime de abuso sexual de menor.“Perigo de
perturbação do inquérito e perigo de fuga”, são dois fundamentos
utilizados pela juíza para mandar Miques Bonfim para prisão
preventiva, explicou o advogado.
“Assim que acabamos de ouvir a decisão da juíza
interpusemos o recurso imediato”, explicou, defendendo que os factos
de que Miques Bonfim é acusado são “sem suporte, sem sustentação”.
Por isso defende que “a decisão da senhora juíza não é correta, não
é justa, não é necessária”.
Para a generalidade da opinião pública, já era
esperada “alguma represália” contra Miques Bonfim, depois que
assumiu ao peito a defesa das vítimas do assassinato do quartel das
Forças Armadas.“Por ser advogado dos pobres, por combater os ricos,
por combater as injustiças preparou-se uma cabala para me retirar da
sociedade”, argumenta Miques João.
Carlos Semedo cita ainda o seu constituinte como
tendo dito que “não há garantia de julgamento idóneo, isento em São
Tomé e Príncipe nestas circunstâncias”, lamentando que o Ministério
Público não tenha ouvido a mãe da menor, nem a adolescente que se
diz vítima de abuso sexual. Áudios que circulam na Internet dão
conta que Miques Bonfim não abusou sexualmente da menor.
As declarações do áudio, alegadamente atribuídas a
mãe da menor, dão conta ainda de que a menina “mentiu” para o
arguido, por sinal seu cunhado, além de ter outros namorados
adultos, um dos quais vive praticamente maritalmente com ela, em
casa da mãe, apesar de ter apenas 15 anos.
MB/Vitrina
