PR garante que “brevemente” se inicia o julgamento dos
militares envolvidos nos assassinatos no quartel

Vitrina, 14.05.2025 - O presidente da república,
Carlos Vila Nova, abriu-se um pouco mais, pela primeira vez sobre a
alegada tentativa de golpe de estado de 25 de Novembro de 2022 que
culminou com a tortura e assassinato de quatro cidadãos no quartel
da Forças Armadas, tendo lançado também alguma suspeição sobre
eventuais protagonistas no processo.Em conferência de imprensa pouco
depois de uma visita prolongada as Alfandegas, Carlos Vila Nova fez
uma “contextualização” do caso 25 de Novembro, deu a sua opinião e
“esclareceu algumas questões”.
Começou por repetir que o 25 de Novembro “é uma
mancha muito negra, muito negativa quer internamente, quer também
fora do nosso país, tem nos penalizado muito como país”. Disse, na
sequência, que não pode haver ou nunca haverá em lado nenhum uma
tentativa de subversão em que o presidente da república não seja uma
vítima”.
O chefe de estado fez depois um pequeno historial
sobre os acontecimentos. “Naquele dia, depois de regressarmos do
sítio seguro onde me tinham levado, de caminho eu falo com alguns
representantes dos órgãos de soberania para nos encontrarmos hora e
meia, duas horas depois, no palácio para definirmos a estratégia de
como lidar com a questão”.
“Essa estratégia foi rompida, não por mim. Eu não
estava a fazer exercício físico nem nada, fui trabalhar de fato e
gravata”, esclareceu.Durante a narrativa, Carlos Vila Nova revela um
detalhe:
“Quando eu faço esses contactos, as pessoas estavam
vivas, foi o que eu me informei. Estavam vivas, havia algumas
gravemente feridas, mas estavam vivas”.E lança um desafio aos órgãos
judiciais: “Se há mortes, nós temos que saber em que circunstâncias
e a razão das mortes”.O estadista são-tomense lamenta que o Tribunal
de Primeira Instância tenha enviado os processos para o Tribunal
Militar “que nem sequer estava constituído”.
“O anterior governo tinha formalizado, mas em dois
anos o que é que aconteceu, mais nada. Formalizou e ficou lá: não se
criou condições de trabalho, não se apetrechou, não se formou
quadros passados”, contestou.
Carlos Manuel Vila Nova reconhece que esse processo
“está a incomodar e é preciso pacificar a sociedade”. Por isso
revelou que o presidente da republica e o governo têm-se
“multiplicados em muitas acções dentro e fora do país para que esse
processo avance”.Apesar de alguma ligeireza com que o processo está
a ser encaminhado, o presidente da república manifesta-se convencido
de que “brevemente” o julgamento dos militares implicados nas mortes
dos quatro civis no quartel do exército possa ter lugar.
“Há um caminho e eu espero muito sinceramente - não
posso avançar datas porque não dependerá só de mim – que brevemente
possamos dar início ao processo de julgamento”, afirmou Carlos Vila
Nova, referindo-se aos apoios que o governo tem recebido nesse
sentido de parceiros bilateral e multilateral, designadamente do
PNUD.Considera esse julgamento como “etapa indispensável”. “Sem o
julgamento nós não podemos passar a outras etapas porque não
conseguiremos pacificar esse país”.
Vila Nova manifestou preferência que esse processo
fosse julgado nos tribunais civis tal como havia proposto o
Ministério Público (MP) que interpôs um recurso no Supremo Tribunal
de Justiça a contestar a decisão que encaminhou todo o dossiê para
Tribunal Militar. Esse contencioso foi, entretanto, baixado para o
Tribunal Constitucional.“Como chefe de estado fico preocupado, como
cidadão ainda mais preocupado”, lamenta, justificando:
“Nós já temos algumas acções no sentido de fazer o
julgamento no tribunal civil. Se amanha o Supremo decide
favoravelmente pelo recurso do Ministério Público”,
questionou.Carlos Vila Nova diz-se determinado a levar esse processo
até ao fim. “Nós não devemos ter medo quando temos razão, quando
estamos certos, quando nós sabemos que é para o bem.
O arrastar desse problema, desta situação tem
complicado. O medo de assumirmos uma responsabilidade cria-nos uma
situação de dificuldade”, lamentou. O presidente da República fez
estas declarações durante uma conferência de imprensa a jornalistas
onde abordou temas diversos da atualidade do país.
Durante mais de meia Carlos Vila Nova falou sobre a
alegada tentativa de golpe de estado de 25 de Novembro de 2022 que
culminou com a tortura e assassinato de quatro cidadãos no quartel
da Forças Armadas, do relatório da CEEAC, da prisão do advogado e
ativista Miques João e respondeu criticas às viagens dos dirigentes.
MB/Vitrina
